Por Rafael Reparador em 15 de outubro de 2013
fonte: http://colunas.gospelmais.com.br/unidade-nao-uniformidade_6271.html
“Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é
digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e
mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor,
procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só
corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança
da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e
Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós”. Efésios
4:1-6
Este texto acima ainda segue dizendo na seqüência que Jesus
distribuiu dons aos homens e que constituiu uns para serem apóstolos,
outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e
mestres (doutores).
Enfim, há apenas um chamado, pois todos foram chamados sob uma mesma
esperança, no entanto, dentre deste mesmo chamado existe uma diversidade
natural de vocações, que denotam aptidões e inclinações particulares,
individuais.
Etimologicamente, indivíduo, do latim individuus, significa indivisível, uno, referindo-se a um ser cuja existência depende de sua integridade.
Cada um recebeu de Deus uma competência individual, talentos e
inclinações que lhe são naturais. Viver essa individualidade é um fato
preponderante para que a experiência humana seja integral, profunda,
verdadeira. Ou seja, cada um precisa encontrar-se consigo próprio e
viver sua própria história, vocação.
Contudo, a individualidade não é o fim da questão. Ela é o meio do
assunto, a forma como Deus estabeleceu as coisas. Então, no que tange a
Igreja, o fator unidade é que é imperativo! Assim como o indivíduo, a igreja é indivisível, é uma só e muitas
vezes por observarmos a diversidade de congregações, comunidades e
denominações pensamos que pode haver mais de uma Igreja. Mas não!
Há diversidade de dons, de talentos, de chamados, de identidades, mas
não há diversidade de ‘noivas’. Noiva é uma só! Noiva somos todos! Ninguém pode abandonar aquilo que é essencialmente, somos Noiva e ponto. Porém, para que seja útil a Deus, cada um deve se portar como Noiva,
em unidade, mas cumprindo seu papel dentro das particularidades com que
foi chamado a cumprir, ou seja, em sua individualidade.
É fato que alguns roubaram o governo de várias igrejas e, por
arrogância, não suportam ouvir o que não convêm, repelindo tudo o que
lhes é diferente, rejeitando muitas vezes o profético, ou seja, o que
vem de Deus. Nem todos os que revolucionam, os que tomam novos rumos em suas atividades religiosas são proféticos, mas muitos são. Eu não caso com outra religião só porque minha forma de enxergar as
coisas é diferente de alguns (há muitos que vêem as coisas semelhantes a
mim). Pelo contrário, eles que me engulam, pois eu tenho um chamado e o
chamado está intimamente relacionado a Ela, a Noiva. Não há outra, uma
só!
Há outros iguais a mim e há outros diferentes de mim, mas todos nós
devemos nos suportar uns aos outros, engolir uns aos outros e o que é
mais importante, amar uns aos outros. Isto é Igreja! Muitos dizem pra mim: “Rafael, você critica tanto as igrejas, por que
você ainda toca nas igrejas?” Acho que nem preciso responder, né?
Não aceito muitas coisas que vejo, observo muita exploração e o que é
pior pra mim, há muita ignorância e, em virtude dela, muita enganação.
Sou a favor do livre exame das Escrituras (um direito proclamado por
Lutero, em seu Protesto), sou a favor de se aceitar algumas doutrinas e
de se rejeitar outras. A Bíblia é multiforme, Deus possui graça e
sabedoria multiforme e nós podemos exercer nossa religião com
multiformidade, desde que, nos aceitemos, nos respeitemos, nos
suportemos, nos amemos. Uns acreditavam que podiam comer carne sacrificada aos ídolos,
salientou Paulo; outros acreditam que ter o corpo tatuado não interfere
em sua salvação, eu saliento. Vejo que há muito mais para nos unir do que para nos separar, mas
vencer essas barreiras é uma questão de humildade e em nossos dias, essa
tem sido uma virtude rara, sobretudo numa igreja que cresce e se torna
uma superpotência econômica dentro da nação brasileira.
Eu aceito meus irmãos e me sinto no direito e dever de dar meu viés
sobre a Noiva, sobre as Escrituras, sobre o Novo de Deus, sobre o
profético. Não sou melhor, mas não sou pior. Sou igual e tenho direito a
voz, igualmente. Não me calo só porque tem gente que não gosta de ouvir
o que falo. Já engoli muito e ainda vou ter que engolir outro tanto, com certeza.
Estou em busca obsessiva pela Verdade e não sou dono dela, mas ninguém
é, só o Noivo.
Que sejamos livres, iguais, que nos respeitemos, que nos amemos! Isto é Igreja, e Igreja somos todos nós, Cristãos.
Andar em unidade não requer pensar e viver em uniformidade, Deus é multiforme e atua na diversidade!